segunda-feira, 4 de maio de 2009




A Crise
Tradicionalmente as crises afectam em primeiro lugar as populações mais pobres cujo rendimento mensal não atinge valores mínimos que permitam sobreviver com o mínimo de dignidade.
Na verdade, o que se está a verificar no nosso país, é um fenómeno típico desta era , em que, a propaganda desgovernada sobre os emprestimos bancários faceis, credito de bens de consumo pagos sem se sentir e consumismo de toda a ordem , sem quaisquer tipo de fiscalização, por parte do estado, ao qual compete estar atenta a todos os sinais que possam por em causa a estabilidade como Nação, afecta agora as classes médias e outrora relativamente remediadas (os pobres esses continuam a ser pobres, agora mais pobres porque os remediados não os podem ajudar), por força desta sociedade de consumo em que nos mergulharam sucessivas politicas neo liberais que levaram ao enriquecimento de alguns, à duplicação de fortunas de outros e a pobreza da grande maioria. Onde, os altos dirigentes de empresas e gestores públicos e privados têm reinado a seu bel prazer a troco de elevados salários, os quais servem apenas para engordar as suas contas particulares e o usufruto de rendimentos alheios, á sombra de fictícios lucros propalados aos sete ventos, que não passavam de autênticos logros.
Estas mentiras descaradas e desreguladas, deveriam ser severamente punidas por forma a poderem servir de exemplo a futuros pseudo bons gestores que abundam por aí.
Certos comentadores, doutos (?) sobre a matéria, constroem juízos de valor sobre este tema tendo como única plataforma de conhecimentos a observação teórica dos factos construídos por outros doutos (?) ditos especialistas sobre as questões politicas e económicas. Envergonham-me cada vez que os vejo e ouço.
Os paliativos que têm sido introduzidos na sociedade, por forma a minimizar os efeitos nefastos da famigerada crise, não passam disso mesmo. Dá-se uma côdea de pão para dois dias, esquecendo que o ser humano necessita para a sua subsistência côdeas de pão todos os dias da sua vida. É inaceitável que não se busquem os lugares recônditos onde o dinheiro se encontra e se punam os responsáveis pelos roubos causados ao povo (muito pouco se fala disto). A falta de tomadas de posição duras e eficazes só se explica com a existência de hedionda promiscuidade entre os vários poderes da sociedade. Sabemos que a gamela onde comem é enorme e que hoje comem uns, amanhã comem outros (quando não comem simultaneamente). Porém deseja-se que emerjam das cinzas dos nossos antepassados homens e mulheres dignos, que tomem o poder e invertam este estado de coisas e coloquem essas coisas no devido lugar. Para cadeia quem tiver que ir.
Embora os efeitos da crise tenha afundado várias famílias de pobres e remediados, em Trás-os-Montes, esses efeitos não têm causado até ao momento, grande mossa. A este facto, não é certamente alheio o espírito e a capacidade de resistência do transmontano, que sabe guardar da “risa prá chora” fruto de gerações e gerações de doutos (estes verdadeiros) conselhos dos seus antepassados.
O Povo Transmontano, no seio das fragas onde nasceu, no austero tempo de Inverno e do calor do inferno onde vive, esquecido dos que governam do aconchegado litoral, só precisa de 200 metros quadrados de terra, uma enxada e um poço com água. Com isto sobrevive às crises que possam emergir sejam de que espécies forem.
A fome raramente nos atinge. A solidariedade mora verdadeiramente aqui.
HAC