terça-feira, 14 de abril de 2009

ESTADO DA JUSTIÇA EM PORTUGAL




Estado da justiça
Muito se tem escrito, falado e noticiado sobre o estado da justiça em Portugal. A importância do tema questiona-nos todos os dias dada a sua transversalidade.
Com efeito, todos nós de uma maneira ou de outra, estamos ou podemos vir a estar com um problema judicial, em que, com justiça ou com injustiça podemos ser julgados e condenados.
É triste, absolutamente tenebroso e preocupante o estado a que o poder judicial chegou. Só os pobres são de facto condenados por falta de recursos financeiros para contratar competentes defensores. Isto é um lugar-comum. Porém, nunca será demais lembrar este facto, porque dele resultam enormes injustiças provocando verdadeiros desastres familiares com carácter de irreversibilidade.
As pessoas atentas a este fenómeno, referem com enorme precisão, que este problema não é de agora, arrastando-se desde o tempo da monarquia em Portugal. Diversos escritos são encontrados onde os escribas da altura, sobretudo a partir dos nomeados do século XV, os episódios de injustiça e corrupção são narrados amiudadas vezes.
O poder politico, religioso e económico sempre souberam mexer os pauzinhos no ceio do poder judicial do modo a serem ilibados de quaisquer culpas fosse no que fosse e com quem fosse. Mesmo as querela entre estes poderosos, eram muitas vezes esgrimidas fora dos tribunais, onde o culpado era não raras vezes obrigado a compensar monetariamente a vitima desde que assumisse ter sido culpado.
Quando a justiça actuava efectivamente e o infractor das classes mais altas, era punido, frequentemente baixava de nível, deixando de pertencer às elites reinantes e não raras vezes caiam em decadência e transformavam-se em verdadeiros pilha galinhas. Os pilha galinhas, eram os pobres de então. Severamente punidos quando cometiam um pequeno delito. Os castigos eram geralmente físicos e executados na praça pública através de inúmeras chicotadas no meio do povo para o povo ver e aprender. A humilhação a que eram submetidos era de tal ordem severa que parte deles ficavam inutilizados para o trabalho e outros chegavam até a morrer. Tudo isto por pequenos delitos, como por exemplo furtar uma galinha ao seu vizinho ou senhor. Dai a expressão “pilha galinhas”.
Paralelamente, as famílias dos nobres, os ricos e poderosos, viviam e ainda vivem faustosa e perpetuamente à custa e a coberto da administração publica, gerida por eles. Políticos, magistrados, advogados, a nobreza detentora de grande parte de património imobiliário na época e os grandes senhores do capital, os financeiros. Era uma verdadeira gamela que fartava toda esta vilanagem. Dai a expressão “fartar Vilanagem” que as classes intelectuais e escribas constestarias os alcunharam Alguns pagaram com a própria vida por emitir opiniões contrarias ao "status quo" instalado e à corrupção descaradamente compensadora. Esses verdadeiros Vilões e Senhores, viviam disto e para isto.
Foi assim na monarquia na 1ª, e 2ª repúblicas e é assim nos nossos dias mesmo com um regime que se diz democrata, quando a actual democracia só serve e farta a vilanagem actual que já nem sequer há vergonha de esconder.
Rainhas, reis, princesas juízes, perfeitos, políticos empresários condes e viscondes que sempre viveram, ainda hoje gozam desse estatuto e os pilha galinhas de hoje, continuam a ser punidos por dois mil reis.
Qual a diferença do “ontem”do “hoje”? Haja alguém que me desminta.
HAC

segunda-feira, 6 de abril de 2009

ESTADO DE ESPIRITO



Todos aqueles que vivem ou viveram a realidade agrícola desde pequeninos até à idade adulta, deparam e depararam com espectáculos deslumbrantes e desoladores com maior ou menor frequência do meio rural, hoje, estou certo, rói-lhe a alma ao ver os efeitos do fogo do frio das geadas.
Vem isto a propósito do estado de algumas culturas, após As geadas ocorridas nestas duas últimas semanas. A contrastar com o renascer e desabrochar dos gomos florais e das tenras folhas das árvores, das mais várias espécies vegetais, regista-se o espectáculo triste e desolador espelhado nos rostos de quem com maior dedicação e denodo, laboriosamente desbrava e rompe o solo ano após ano, década após década, para cuidar da sua agricultura. As geadas, essas miseráveis geadas, que só servem para desinfectar os solos de alguma bicharada menos resistente, teima sucessivamente em fazer das suas quase todos os anos. Os rostos tristes, mesmo daqueles que pouco ou nada têm directamente a perder, seus olhares de espanto e desanimo, transmitem-nos um estado de espírito profundamente angustiante, quanto mais àqueles a quem mais directamente diz respeito.
É preciso ter-se muito “estômago”, para se ficar indiferente, ao queimar das folhas, das flores, dos frutos e até das árvores que desenham o horizonte natural do espaço que ninguém diz querer urbano, cujas paisagens amimam os nossos olhos, afinam os nossos sentidos e dão prazer ao nosso ser.
Ao percorrer este espaço do interior transmontano soalheiro e agradável durante o dia, nada faz prever que mesmo ali ao lado mora a tristeza e a morte. A morte dos frutos que iriam fornecer o alimento das famílias, colmatar as despesas e compensar o esforço dispendido ao longo de vários meses e de madrugadas de sono perdido.
Fazer nada, é quase tudo o que todos fazem, para compensar minimamente os estragos materiais e psicológicos causados a tão nobre e dura gente, a qual, vem resistindo estoicamente a tão miserável destino. O POVO DO INTERIOR PROFUNDO.


Quão triste te vejo ó mundo!
Neste cantinho de todos.
Que amamos mesmo do fundo!
Envoltos em muitos lodos.

Lodos de cor cinzenta!
Mas que já ninguém se espanta!
Lodo que se alimenta.
À custa da gente santa!

HAC