terça-feira, 8 de junho de 2010


DEIXEM QUE LHES DIGA
Alheio a saudosismos de há três décadas, a dura constatação de que se tem governado mais para o bolso que para o país, que em ultima análise é quem nos paga, a ambição pessoal, a falta de qualidade e incultura deste povo português, arrastam-nos para uma vala comum que sufocará as nossas aspirações e desejos mais profundos
A gritante falta de profissionalismo que campeia por este País, dos trabalhadores aos empresários, dos gestores e administradores aos políticos, dos monopolistas do mercado global,aos banqueiros, todos, cada um á sua maneira, nos têm moldado a mente, replicando-nos num sem numero de estereótipos robotizados, incapazes de reagir às mais singelas adversidades.
Julgamo-nos cultos importantes só porque fomos artificialmente “agraciados” por coisa nenhuma, (Novas facilidades para velhas e fracas mentes), cujo unico e vil objectivo se resume à conquista do voto e perpetuação no poder, com efeitos perversos avassaladores na capacidade de produzir , pensar e saber estar, convencendo-nos que tudo podemos obter ao estalar dos dedos. ( Férias, casas, carros, cursos superiores etc.)
Transformaram-nos em seres estranhos e mesquinhos, preguiçosos, hipócritas, submissos e sobretudo incapazes. Destas “virtudes” exógenas adquiridas, herdamos uma mentalidade sofista, segundo a qual, “os fins justificam os meios”, ainda que estes e aqueles sejam eticamente reprováveis.
Com esta realidade insofismável o país padece e desfalece e paulatinamente se vai metamorfoseando num mar cheio de nada. A mediocridade mora no seio de todas as classes sociais. A sua imposição e valorização, promovem os incapazes, os oportunistas e incompetentes, não deixando espaço, àqueles, poucos, que ainda teimam em querer um Portugal melhor. HAC

sexta-feira, 21 de maio de 2010


JJ- Poema ao meu País Comentário ao artigo do Sapo-Noticias dia 19/05/2010 ao artigo sobre “CDS critica cobrança retroactiva dos impostos” ……………………………..

Meu País, terra de sol e de pobreza
Mil anos de história, mil de tristeza!
Mãos estendidas perante o altar
Olhos vencidos… implorando ao mar!
A resposta para um denso mistério
Perdido na bruma o imenso império!
País de surdo-mudos, sem resposta
Pela cegueira que nos foi imposta!
A ti, povo iletrado e de pobres
Cheios os baús dos ricos e corja dos nobres!
Para ti nada sobrou, apenas o sol a sol
E o sangue dos teus filhos, a morte e a guerra
Para ti o império da enxada, a dureza da terra!
O oiro do teu suor, saqueado pela voraz escol
Mil anos de história, meu Portugal
Hoje e aqui quase tudo igual!
Partida a realeza, ficaram os lacaios
E quem te governa são os papagaios!
De plumas, muitas bandeiras e um archote
Na tua mão um papel em frente de um caixote!
Ao império agora chamam democracia
À corrupção um órgão de soberania!
A realeza e os tais papagaios
Que gritam “meu povo” aos novos lacaios!
Cantam bem em tempo de eleições
E tu pobre povo, sem trabalho, sem ilusões!
Mil anos de história, os mesmos “anjinhos”
Mil anos, tantos anos, inda lhe dás beijinhos!

terça-feira, 27 de abril de 2010

HISTORIA DE UM DESEJO


«HISTÓRIA DE UM DESEJO
Quando em 1975, um grupo de mais de 30 jovens na grande maioria do sexo masculino, solicitamos ao Sr. António Aurélio a cedência de um barracão no lugar dos bacelos, estava nas nossas mentes a criação de uma CASA DE CULTURA com o objectivo de desenvolver actividades culturais, desportivas e recreativas, que permitisse a todos os jovens a ocupação dos tempos livres e simultaneamente desenvolver capacidades morais e intelectuais que pudessem beneficiar cada um de nós e toda a população. Porque o espaço era exíguo e sem as mínimas condições para os objectivos que tínhamos, procuramos rapidamente outra solução. Naquela altura, não havia casas livres excepto a casa do Pároco da freguesia, legada em testamento pela senhora Pelícia Carneiro (tia do meu pai), à igreja. A casa estava vazia há muito tempo e o seu estado de conservação bastante deteriorado. No entanto, porque não encontrávamos lugar melhor, decidimos solicitar ao sr padre Zé se nos podia ceder a dita casa, para os fins acima referidos. Depois de algumas de marches e pedidos de influencia junto de pessoas mais velhas, o sr. Padre lá nos disponibilizou o lugar. Radiantes e cheios de esperança e vontade de trabalhar, lançamos mãos á obra limpando e reconstruindo a habitação de modo a assegurar o máximo de segurança quer dos tectos quer do sobrado, partes que estavam em pior estado de conservação. Reconstruída de forma precária a habitação (não havia recursos financeiros para efectuar intervenções de grande monta), demos inicio às actividades ligadas ao teatro (poucas), organização de bailes (muitos), e dando também inicio a uma campanha de alfabetação, com o propósito de ensinar a ler e a escrever algumas pessoas idosas e analfabetas da freguesia. Recordo-me , com imensa satisfação que ensinamos a ler e a escrever a esposa do sr. José Barreira, a srª. Rosária Ló . A sua força de vontade era tal, que ao fim de dois meses, já escrevia e lia em qualquer papel. Todos, umas vezes uns, outras vezes outros, conseguimos o objectivo central da campanha. Foi apenas uma que aprendeu a ler. Mas neste caso, uma, era muito. Mesmo muito.
Depois em 1981/82, quando demos personalidade jurídica a Associação Cultural Desportiva e Recreativa “Spot Club de Vale de Gouvinhas”, também constava dos seus estatutos e no espírito da colectividade o apoio às crianças e aos idosos, para além das actividades normais da Associação. Por falta de um espaço condigno, não foi possível desenvolver algo de relevo, nomeadamente quanto à criação de um CENTRO DIA, que na altura ainda se equacionou. Em 1992, com a criação do CENTRO SOCIAL E PAROQUIAL, NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO, (I.P.S.S.) cujo objecto visava sobretudo as questões ligadas à igreja, mas também a criação de um "CENTRO DE DIA" e perspectivas de construção de um LAR no futuro. Para esse efeito, e com o acordo do sr. Padre, foi doada ao CENTRO SOCIAL a casa do Pároco (aquela que havia sido a primeira sede da CASA DE CULTURA atrás referida), , com a intenção de ser adaptada e construídas instalações de apoio às pessoas idosas e com necessidades de acolhimento. (a junta de freguesia tem em seu poder a escritura de doação e os estatutos desta Associação). Por razões várias, nomeadamente financeiras, não havia terreno disponível para construir um espaço digno e que oferecesse as condições mínimas que proporcionassem total segurança e salubridade aos potenciais utentes. A acentuada desertificação da gente da própria freguesia, uns porque tiveram que Emigrar, outros Imigrar (o emprego sempre foi escasso nestas redondezas) e também porque foi uma década em que faleceram algumas dezenas de pessoas mais velhas, este projecto acabou por não ter pernas para andar, ficando em lista de espera durante alguns anos.
Mais tarde, pelo ano de 2000, procurou-se dar novo impulso ao CENTRO SOCIAL de forma a reiniciar os objectivos ligados ao centro dia e lar para idosos. Porém, verificou-se que a mudança da legislação que entretanto tinha ocorrido, a casa do Pároco, propriedade deste CENTRO SOCIAL, não oferecia as condições necessária para se poder aprovar fosse o que fosse, relacionado com os tão desejados objectivos. Aqui mais uma vez, se entrou de novo num impasse, até se poder arranjar um terreno onde se pudesse construir um edifício consentâneo com a lei e de acordo com os objectivos traçados há muito tempo. Foi então que em 2005, com a garantia da doação de um excelente terreno doado pela Junta de Freguesia, exclusivamente para esse fim, e com a força e dinâmica da Lena Verdelho, Guida Verdelho e a Laurinda Carneiro (Lisboeta de nascença, mas apaixonada pela gente da freguesia de VG), reiniciamos (mais uma vez, uns da velha guarda e outros mais recentes, cerca de uma trintena de valgouvinhenses, agora mais maduros) novo processo que culminou com a criação da "Associação Terras do Marião” que visa fundamentalmente o apoio e construção de estruturas viradas para as crianças e os idosos, ou seja, o famigerado Lar para a Terceira Idade.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

SAUDADES INFINITAS

Dum cereeiro a cantar,
Agora me recordei,
Ainda agora aqui cheguei,
E “vi” meu pai a chorar.
Chorar pelo que nunca chorou,
Cantar pelo que nunca cantou,
Penar pelo que nunca penou,
E lembrar o que nunca lembrou.
Nos cantos da vinha,
Na estrada que leva,
Nas ruas da aldeia,
De longe ele observa:
Vê o que em tempos tinha,
Uma quarta e mais uma meia,
Na casa branca onde mora,
Vive feliz sem dinheiro,
O tal dito cereeiro,
Digo-vos aqui e agora,
Era meu pai, Joaquim Cordeiro.

HAC